Batimento Cardíaco

segunda-feira, 30 de abril de 2007

Ao fundo ele a perdir-lhe para ela o 'bejar mucho'#

O problema são as palavras, quando fazemos delas um hábito, quando precisamos delas e as procuramos em todo o lado. Como um vício, uma doença de difícil cura. Depois é o amor, a paixão a luxúria. Despirmo-nos nelas é a maneira mais fácil de alcançar alguma paz. Como se todo o peso que a vida nos trás pudesse ser aliviado, dizimado, esquecido. Imbecil... diz ela quando não é isso que sente. A televisão demasiado alta como que para abafar as palavras que se soltam e não se sentem. Nunca soube contar uma história do princípio ao fim, em algum momento se enganava, perdia o fio à meada e ficava a meio. Gostava de ter a capacidade de improvisar e poder acabar essa história da maneira que as boas histórias acabam. A teia que a aranha constroí, o fio invisivel que não apanha ninguém, nunca dizer que não, não chegar a dizer sim. A resposta muda à pergunta que nunca foi feita mas que gostava de ter sido ouvida. O som surdo sem eco no quarto fechado. A luz que nunca foi acesa, a sombra projectada no escuro, o sorriso mascarado, o segredo que nunca será contado. Palavras... apenas palavras... as tuas, as minhas, as de alguém que se faz ouvir.

Ponte#

'Partes' de 2005 a 2007
E o que fazemos quando não estamos onde queremos estar?

sexta-feira, 27 de abril de 2007

Nús da alma # 71

E que falta é esta que sinto hoje? Que vazio é este?

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Questions#

Quem és tu? Porquê essa insistência? O que esperas de mim? Que confesse coisas obscuras? Que me mostre nua de alma? Mais ainda?
Vai ser uma desilusão... vida trivial a minha...

Sem explicações#

Acho que foi a primeira vez que sonhei contigo, queria lembrar-me do teu cheiro, mas não consegui. Sei que era bom estar ali contigo, mesmo sabendo que era algo proibido. A rebeldia cometida por duas pessoas que se acham tão adultas, que se dizem envelhecidas... e tu sem medos, a rires do meu, a convenceres-me sem grandes obstáculos. Acordei assim... meio ansiosa, meio envergonhada, meio saciada... e a perguntar-me como te fui buscar esta noite para um sonho meu...

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Nosso Estranho Amor#

Não quero sugar todo seu leite
Nem quero você enfeite do meu ser
Apenas te peço que respeite
O meu louco querer
Não importa com quem você se deite
Que você se deleite seja com quem for
Apenas te peço que aceite
O meu estranho amor
*
Ah! Mainha deixa o ciúme chegar
Deixa o ciúme passar e sigamos juntos
Ah! Neguinha deixa eu gostar de você
Prá lá do meu coração não me diga
Nunca não
*
Teu corpo combina com meu jeito
Nós dois fomos feitos muito pra nós dois
Não valem dramáticos efeitos
Mas o que está depois
*
Não vamos fuçar nossos defeitos
Cravar sobre o peito as unhas do rancor
Lutemos mas só pelo direito
Ao nosso estranho amor
Caetano Veloso

Foi em setembro que te conheci, trazias nos olhos a luz de Maio, nas mãos o calor de Agosto.

Curioso... estranho... imagino a vida cheia de ciclos... como se fosse um programa numa máquina de lavar. Rodamos o botão, que ao fim de algum tempo retorna ao ponto de início. Demora mais tempo em alguns pontos, mas vai rodando com pequenos clicks. Ontem foi um desses finais de ciclo, voltei a rodar o botão, mas não deixou de ser estranho voltar a receber noticias tuas ao fim de tanto tempo. Depois de tudo o que foi dito à bem mais que um par de anos tu retornas a dar noticias como se nada tivesse acontecido, como se tivéssemos falado ainda na semana passada, brejeiro, com um toque de humor... curiosa é a maneira como te aproximas. Será que pensas que ainda sou a parola que gostava de ti? Que chegas aqui e volta a ser tudo como era? Que te podes divertir, aproximar passar um bom bocado? Não serei mal educada, nunca o fui, não o vou ser contigo. Mas desta vez enganaste-te se achavas que ainda podia ser como foi antes. Já não sinto grande coisa por ti, apenas um misto de desprezo e indiferença. De repente vem-me à mente o pensamento 'como é que fui capaz de andar contigo?', 'o que me levou a gostar de ti?'. Podes aproximar-te à vontade, estou completamente à vontade para desta vez te mandar à merda sem remorsos.
'E um sorriso Um sorriso tão grande que não cabia no tempo ...'(esse senhor que é o Victor Espadinha)

quarta-feira, 25 de abril de 2007

25 de Abril

Cacém, 25 Abril de 2007
Desta vez um 25 de Abril longe da Avenida da Liberdade, em Lourel com menos confusão, ainda assim, bastantes cravos, o cheiro de sardinhas assadas e pão com chouriço. Ouviu-se Zeca Afonso com a serra de Sintra como pano de fundo. Confesso o pouco que me afecta o antes do 25 de Abril... quem não viveu ou sentiu a ditadura compreende mas geralmente não sente... apenas imagina... e eu imagino que dificil ia ser eu manter-me calada com tudo o que gosto de falar... nasci na altura certa... agradeço as mudanças e a quem fez por isso acontecer.

terça-feira, 24 de abril de 2007

#


Eu separo sempre as coisas, eu resolvo quando sinto que tem de ser resolvido, eu arrumo, destruo, apago, deito fora, eu deixo para trás, esqueço e passo à frente. Eu mato, enterro e não volto. E jamais voltaria atrás no caminho. Mas confesso que o facto de me sentir 'pendurada' em alguns sítios me deixa incomodada, arreliada...
Se era esse o intuito... parabéns!
Imagem do Google

Mentiras#

Era adolescente tinha para aí uns quinze anos, ele era um ano mais novo que eu e chamava-se João. Eu achava que ele era uma criança e dizia-lhe isso na cara 'és um puto' ( ele jurou que me havia de fazer engolir essas palavras).
A português ficou sentado ao meu lado eu era o 13, ele o 14. Começou por não usar os óculos naquela disciplina e foi aí que percebi os olhos expressivos que ele tinha... as pestanas compridas e enroladinhas...
Increveu-se no clube de natação onde eu andava, contou-me que a cicatriz que tinha no peito tinha sido feita por um amigo, num fim de semana em que foram para a quinta do avô dele. Uma arma carregada, esteve à beira da morte... acreditei...
Acompanhava-me sempre até à paragem do autocarro, ficava comigo até o autocarro chegar. Um dia perguntou se me podia beijar...
Passado quase um ano descobri que aquela cicatriz tinha sido uma marca de varicela. Foi a única mentira que me contou. Quando me falam de varicela lembro-me disto... lembro-me que nem sempre podemos acreditar nas pessoas... mesmo quando queremos muito isso...

#


«»

-Gostava que visses agora a minha casa, está prontinha, com limpezas feitas e tudo.
-Está bem, no dia em que formos beber café passamos por lá para eu ver.
-Mas tenho de ser honesto contigo...
-Sim...
-Quero levar-te lá para te beijar...
-Ok... então é melhor não irmos...

segunda-feira, 23 de abril de 2007

&

E hoje sinto-me em dia não, todas as conversas me parecem azedas, os sorrisos forçados, as palavras amargas e a vontade nula. Serei eu ou é o mundo? C'um caneco!

!!

-Um amor esquece-se quando aparece outro...
-E quando não se tem paciência para esperar?
-Cometem-se assassinatos...
-De amor?
-Sim...
-Porque não podem simplesmente morrer?

O mar está flat baby?



Praia Grande, 22 Abril de 2007


Nunca percebi como consigo trazer tanta areia agarrada ao corpo... mesmo em dias sem vento e sem idas à agua...

sexta-feira, 20 de abril de 2007

118 um mau serviço#

Se há coisa que eu detesto é ser mal servida por um serviço que esteja a pagar, por uma questão de respeito, por dignidade, por paciência... por paz mental.
Um dos piores serviços que temos no nosso país, e isso porque tem todo o monopólio, é o serviço telefónico informativo do conhecido número 118. Mau, muito mau mesmo.
Acabei de telefonar para me facultarem a informação de um número de telefone de um centro de saúde, já que muitas das moradas que fornecem estão desatualizadas. Depois de toda a espera em que nos lançam um grande leque de opções do carregue ali marque acolá, a chamada vai para um assistente, forneço os dados pedidos, chega-me a informação. De seguida marco o número e ... voilá... o bip do fax quase me deixa surda. Nova tentativa, 118 marcado uma segunda vez para tentar chegar à mesma informação, desta vez forneço o número para me darem a morada, sou informada que é um número de fax (obrigadinha pela novidade, foi o bom serviço da sua colega), peço a morada e o número de telefone, desta vez oiço a informação automática da morada e tenho de esperar em seguida que me voltem a atender para me fornecerem o número de telefone, mais informação da treta, tudo serve para nos manterem em linha a pagar chamada, peço o número de telefone, mandam-me a mensagem automática que antes do número ainda come mais tempo a dar o nome em que está registado. Com isto tudo são quase dez minutos para tentar obter uma simples informação de nove digitos. Eu também estou a trabalhar, sabem? E estou a pagar bem caro por um serviço que não passa de uma grande treta!

Contos Apátridas#

'Às vezes as histórias tristes acontecem em lugares tristes, como em estações de comboios ou em aeroportos. E então as pessoas apercebem-se e comentam-no, e todos dizem que na verdade os aeroportos e as estações de comboio são lugares tristíssimos, tão tristes que não dão vontade de viajar, pois ninguém gosta de mergulhar na tristeza, e muito menos por esses preços. Mas isto nunca me preocupou, pois eu estava sempre sózinho nesses lugares, saltando de um país para outro com a minha máquina fotográfica para enviar para a agência Sigma aquilo que no dia seguinte era muitas vezes a foto da capa de algum jornal, de muitos ou de nenhum.Na verdade, os aeroportos agradavam-me, mas também os hotéis, as malas e as agências de câmbio.'

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Contra a parede#

Nunca tive grande jeito com textos longos e o facto de estar sempre a pensar as mesmas coisas faz com que me repita, correndo o risco de ser cansativa. É genética... sabes? E não, não estou com desculpas. Um dia culpo-me da minha morte, mas não hoje.
Vinha a correr na Avenida, atrasada como sempre, e lembrei-me do R., por nenhuma razão especial, mas às vezes lembro-me dele e da maneira leve de alma de como me desenvencilhei dele, 'vai e não voltes mais', sem orgulho, e eu achei que gostava dele, acho que gostei sim, durante uns tempos. Mas a vontade de o ver pelas costas foi mais forte, com isso veio o alívio, tive de correr ainda mais ao chegar cá baixo, um dia ainda caio ao comprido.
Passou-me pela cabeça um chorrilho de desejos que ele deve ter tido quando eu lhe disse que não queria mais. Orgulho-me de segurar os meus. O que eu preciso é de um culpado para o que acontece, mas não me sinto convencida com isso. Consegui chegar a tempo, e percebi que às vezes passam pessoas na nossa vida que não deixam uma marca significativa. um pequeno traço, uma linha superficial... daquelas linhas que se apagam com um dedo molhado em saliva... e fiquei triste por poder ser apagada assim...

Assim te digo#


Olha amor
escrevo-te antes do tempo, porque não tenho tempo a perder. Escrevo-te antes de chegares a mim, para que agora que estás a ler, descubras que já estava à tua espera, que sabia que ias chegar, que sempre te desejei, mesmo antes de teres chegado à minha beira.
Obrigada
obrigada por tudo e por nada, obrigada por me deixares sonhar antes mesmo de viver estes tão bons momentos, obrigada por teres percebido que caminho te trazia a mim.
Eu sei que vou adorar cada momento contigo, eu sei que vou memorizar todos os instantes que forem nossos. E para que não perca tempo a escrever-te o que sinto, para que contigo tenha o tempo todo ocupado por 'nós', escrevo-te hoje... antes do tempo.
Porque o que eu quero que saibas é que te amo desde o antes...
Imagem do Google

quinta-feira, 19 de abril de 2007

:-)

Caracas! E não é que a amiga Luisa tinha razão? Mas que granda bronze estou a ganhar... agora só tenho de confirmar se não é daqueles que fica agarrado aos lençois e às toalhas da casa de banho...

Bis#

Ontem senti uma necessidade que já não me lembrava de sentir à muito. Normalmente sinto assim uma coisa levezinha que acaba por passar quando chego a casa e me deixo cair no sofá de comando na mão. O facto de gostar da minha casa e de me sentir tão bem por aqueles lados não ajuda muito. Prometo-me que vou durante o dia e pelo caminho, mas depois de entrar e rodar a chave na porta deixo-me convencer pelas pantufas, deito-me ao comprido com os pés em cima do braço do sofá e vejo o escurecer pelas cortinas entreabertas. Mas ontem foi diferente, senti-me forte na escolha, absorvi toda a necessidade e fiz o gosto ao desejo. Sem sofá, tv e comando. Foi entrar e começar a despir, vestir a fatiota e calçar a meia a condizer, calçar o teni, procurar os phones do chinês, mandar para dentro da sacola a carteira o telemóvel (no silêncio), a máquina fotográfica (que não cheguei a utilizar), prender o cabelo e sair. Quarenta e cinco minutos de pura adrenalina, desta vez não cheguei à hora que marco sempre no relógio, mas desta vez o ritmo foi mais intenso, a escolha dos caminhos com mais subidas, a música entrecortada pela deficiente e inexistente antena... um, dois, um, dois... sózinha é menos bom, mas não foi tão mau como estava a pensar. Caí na cama e nem me lembro de ter fechado os olhos...

Evolução#

De 'Na' passou para 'Nana', com direito a birra e gritinhos se não lhe respondo na hora... feitio difícil este...

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Tu#

Claro que sei que também tive culpa... mas é sempre mais fácil meter a culpa nos outros quando as coisas não acontecem da maneira como esperavamos que corre-se. Eu estava lá, fiz sempre parte dos diálogos, sorri algumas vezes e com isso talvez te tenha ilustrado de alguma maneira a nossa história. Dizem que os sorrisos das mulheres são mais sorrisos que os sorrisos dos homens. Eu tenho dois sorrisos, um é o forçado ou levezinho, rio mas não rio, nunca percebi se isso se consegue ver, mas sei que o sinto, um riso sem eco. Depois tenho o sorriso, o meu sorriso que foge cá de dentro, que sai e é mais forte que eu, e quando esse sorriso escapa, deixo ver os dentes todos, enrolo o lábio superior e escondo-o como se ele não fizesse falta nenhuma. É desse sorriso que gosto, aquele que não consigo segurar, é aquele que mostro às pessoas de quem gosto, em quem confio, a quem me faz sentir bem.
Não sei qual dos dois te mostrei, mas sei qual foi o que tu leste no meu rosto. E depois de tentar remediar as coisas tu não quiseste saber. Desapareceste, não sei se foi medo ou vergonha, não sei se foi por perceberes que não valia a pena perder mais tempo comigo, porque não estavamos em sintonia. Não sei... mas fiquei triste... sério que fiquei... porque apesar de não sorrir como tu querias eu gostava de ti, e esperava continuar a sorrir-te muitas mais vezes...

# 104

-Tens os olhos inchados, parece que estiveste a chorar...
-E estive.
-Mas... aconteceu alguma coisa?
-Não... mas quando cheguei a casa estava a dar um filme que me fez chorar...
-És muito emotiva...
-Não... sou é parva. É diferente.

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* 59

Tinha na ideia comprar uns binóculos... só não o tinha feito ainda, porque tinha um problema... a falta de vista que tinha das suas janelas.

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Nús da alma #70

E se de repente descobres que passaste a viver como se já tivesses desistido de tudo?

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terça-feira, 17 de abril de 2007

Dejá vu

Tinha tudo na vida, um emprego bastante razoável, para os dias de hoje, um carro que apesar de não ser novo ainda tinha um aspecto agradável e lhe dava alguma ostentação. Tinha uma casa que ainda estava a pagar ao banco, como a maioria das pessoas, tinha uma mulher, um filho e estavam à espera do segundo. A barriga dela assemelhava-se agora ao tamanho de um melão, pequena mas já saliente, era um menino segundo a vizinha da frente afirmava de cada vez que nos cruzavamos na escada.
Mas se tinha tudo... porque continuava a sentir o desconforto de não ter nada? Ou de procurar algo mais? Eram naqueles minutos que separam o deitar do dormir, quando a luz se apagava e a sua mulher lhe desejava boa noite que ele se deixava estar quieto, de olhos abertos na escuridão a tentar perceber quanto tempo demorava a conseguir habituar-se e a reconhecer os contornos das coisas que o rodeavam. Nesses minutos, que eram poucos ele perguntava-se porque era assim, porque é que queria mais, porque é que sentia que não estava no sitio certo. O que queria mudar? Não o sabia ao certo... a única certeza que tinha era a de que precisava mudar alguma coisa...

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Ui #


# 103

-Sofro de bipolar...
Não foi uma confissão, soube-me a comentário, como se tivesse apenas a lembrar-me uma coisa que eu já sabia. Mas eu não sabia... e não soube o que dizer em resposta ao que ela disse, a conversa continuou e eu pensei que nada sabia do que ela me falava...
-Destruímos todos os relacionamentos que temos...
E continuei a ouvir, a saber sobre os casos que pos aí andam, os jovens... cada vez mais jovens... e eu sem perceber do assunto... apenas a ouvir e a perguntar...
-Mas o nosso nunca tentaste destruír... e se o fizeres eu não deixo... - tentei brincar. E ela sorriu e disse para nunca deixar meter nada no meio de nós as duas... e eu sem saber porquê senti medo... e pena... e continuei a ouvir e a desejar que as coisas pudessem mudar...

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Nice#

Viagens urbanas 2#

Ainda ontem me comentavam que estas últimas gerações tinham muito sangue espanhol a correr nas veias, já que a maioria da doação de esperma estava a chegar do país dos nuestros hermanos. Desiludida, pensava que nem para doarem esperma e óvulos os portugueses serviam... hoje deparo-me com este anúncio num matutino diário, daqueles gratuitos que se distribuem nos transportes... jovens... vamos ajudar o nosso país... anima-te... dizem eles...

Viagens Urbanas#

Segunda-feira já é por si só um dia mau... 'Pode-me dar o lugar?' - ele deu... ' Pode passar para lá? é que vou sair a seguir.' - em apenas dez segundos conseguiu fazer com que três pessoas se mudassem para ela se sentar onde queria. Para se levantar um minuto depois e sair.
*
'Não empurrem, não empurre!' - Pelo tom altíssimo da voz achei que estavam a trucidar a senhora... 'Não empurre sua estúpida! Estúpida de merda, com licença! Levas já com a mala na tromba, sua estúpida!' - aquele com licença ficou ali mesmo bem... apesar de tudo...

domingo, 15 de abril de 2007

Recomeçar de onde parei#

Não existe um motivo suficientemente forte para o ter feito. As escolhas não precisam que isso aconteça... pelo menos é o que acho hoje...quem sabe amanhã continue com a mesma opinião. Não me sinto importante para alguém, só isso faria algum sentido para que isto não acontece-se. As escolhas continuam a a ser minhas e com isto acho que posso voltar a soltar-me como ao principio, só a liberdade justifica o facto de continuar a escrever por estes lados. Demasiado racional...ouviria dizerem-me ao ouvido depois de eu confessar as minhas escolhas e ideias. E quando decido por uma vez na vida ser impulsiva... onde vou eu? Se ganhei? Não me sinto vitoriosa... também não me sinto perdedora, na verdade não sinto grande coisa... e é isso que me faz achar que ser impulsiva não faz grande sentido, o certo é continuar a racionalizar as escolhas. Um dia quando sentir um balão cheio do peito terei a certeza que fiz o que estava certo. Por enquanto ainda continuo a achar que apenas vou fazendo aquilo que os outros esperam que eu faça...
'Ninguém disse que os dias eram nossos... ninguém prometeu nada... fui que julguei que podia arrancar sempre... mais uma madrugada... e deixar-me devorar pelos sentidos... e rasgar-me do mais fundo que há em mim.... emaranhar-me no mundo... e morrer por ser preciso... nunca por chegar ao fim...'*
*Mafalda Veiga

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Quase me esquecia#

-Estou?
-Sim? Sou eu! Parabéns!
-Hã?? Amiga não faço anos hoje...
-Parabéns a nós!

*
E depois me lembrei que faz hoje exactamente treze anos que transpirei das mãos, engoli em seco, levei um guelas no bolso das calças, bebi um litro e meio de chá de tília, estacionei bem à primeira, fiz inversão de marcha, não pisei traços continuos e parei em todos os sinais que o mandavam fazer, deixei passar nas passadeiras e cheguei ao fim nervosa com um engenheiro sisudo que ao sair do carro me estendeu a mão e me disse simplesmente... parabéns... e ali ficamos as duas aos pulinhos e gritinhos parecendo que tinhamos ganho a lotaria...
... azar? como poderia ser um dia de azar?

Eu também gosto#

Gosto de dias de sol, gosto de temperaturas amenas, gosto de ficar na cama de manhã, gosto de ler antes de dormir, gosto de cremes de mãos, gosto de ganchos de cabelo, gosto de gelado de chocolate, gosto de mensagens no telemóvel, gosto de cartas escritas, gosto de velas aromáticas, gosto de vir sentada no comboio, gosto de sudokus, gosto de bolachas digestive e ameixas verdes. Gosto de pastilhas, gosto de bonecas de pano, gosto de histórias de amor, gosto da série Prison Breack, gosto de pão quente com manteiga, gosto de detergentes, gosto de passar a ferro, gosto de passar uma tarde de sol na rua, gosto de fazer compras, gosto de escrever, gosto de ver fotografias, gosto de tirar fotografias mas não gosto de posar para fotografias...
Gosto de conversar, gosto de me deitar na relva, mas não gosto do cheiro de terra molhada. Gosto de ver televisão, gosto de dormir, gosto de sair à noite, gosto de dançar, gosto de observar, mas não gosto de sentir que perdi um dia da minha vida.
Gosto de gostar, gosto de palavras simples, gosto de aprender, gosto de ouvir e gosto de falar... mas também gosto de silêncio em certas alturas. Gosto de abraços e beijos, gosto de mãos dadas, gosto de sorrisos e gosto de dar colo. Gosto de fazer o cavalinho e gosto quando gostam de mim. Gosto de beijos com baba e partilha da papinha. Gosto de gostar, gosto de ficar, gosto de desejar e gosto quando me desejam a mim. Não gosto de mentiras, fretes, desilusões e afastamentos...

Trevos#

Já te sentia a falta entre lençois lavados e fronhas acabadas de trocar. Já sentia saudades de manhãs lânguidas nos despertares onde os pés descalços faziam acordar atchins que te faziam rir. Onde há muito os pequenos almoços deixaram de ser servidos na cama e os estores são puxados para cima na altura do primeiro levantar. Sinto-te a falta de voltar a enfiar-me debaixo dos cobertores porque sei que ainda estarão quentes. Lembram-se as vontades de linguas a passarem em lábios adormecidos. E de resmungos que nunca levei a sério. As noites são muito mais frias e não mais abandonei as meias de lã para dormir. Já não acordo durante a noite para sentir outra respiração que não a minha, às vezes ainda estico o braço ou a perna mas volto a encolher-me pelo frio que se sente naquele lado da cama. Não tenho medo de sextas-feiras treze, sou supersticiosa o quanto baste, ainda penso em desejos quando resgato uma pestana, ainda peço desejos quando vejo o arco-irís, ainda evito passar por baixo de escadas e toco no ouro quando as palavras se confundem... Talvez seja parva... mas já passou o medo...

Um amor puro#


'-Perdoas-me por ter estragado a tua vida por te amar?
-Não tenho nada a perdoar, sou feliz.
-Entravei o que é a natureza. Não constítuiste família e não concebeste crianças.
Ela acarriciou lentamente as costas do Padre Guimerà, com as duas mãos. Parecia-lhe que tinha de fechar os olhos para sentir melhor os gestos que estava a fazer.
-Amo-o - murmurou. - Eu não queria família nem filhos. Queria-o a si, Padre.
Ele calou-se. O seu corpo foi percorrido por um último frémito de prazer. Mexeu a cabeça. Com o nariz no calor do seu seio, murmurou:
-Não digas: "Padre".
Conseguiu agarrar uma das mãos que lhe acariciavam as costas. Pousou-a na barba branca. Ela entrelaçou os dedos nos seus. Ele disse timidamente:
-O meu nome é Ferran.
Ela apertou-lhe os dedos e sentiu as lágrimas correrem-lhe involuntariamente pela cara abaixo.
-Qual é o teu verdadeiro nome, minha filha?
-Catarina.'

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quinta-feira, 12 de abril de 2007

Nús da alma #69

Era enquanto não era nada que ela gostava. Era a inexistência de qualquer coisa que a fazia continuar. Sem medos, sem vergonhas. Expunha-se à luz e deixava que a vissem sem sombras. Mas isso enquanto nada era, nada tinha, nada sentia. Como se tinha medo de uma coisa que não era coisa nenhuma? Como se escondiam segredos em sítios sem sombras nem cantos fechados? E gostava, e contava, e ouvia... tudo e coisa nenhuma. Era assim que gostava... quanto o nada era tanto.

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Irra#

Nunca em momento algum da minha vida deixei um pedido de desculpas por dar, se assim fosse caso disso. Posso ser orgulhosa, mas não sou estúpida.
Reconheço os meus erros e o meu primeiro desejo é o de não os ter cometido, mas se assim foi... um pedido de desculpas a quem foi atingido pela 'avalanche' é o mínimo que se pode fazer.
Agora... o que me lixa, o que me deixa irritada, mas mesmo irritada é quando nos surgem na vida aquelas pessoas que erram e depois ainda esperam que sejas tu a pedir desculpa pelas merdas deles! Isso é que não!

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Gosto#

http://www.youtube.com/watch?v=m9Eq4oClFiA
'so please
baby please
open your heart
and catch my disease'

# 102


É a rapidez das horas que assusta. E quando a pressa nos atinge, prega-nos a rasteira... vamos para a frente sem perceber por onde passamos naquele instante... sem aproveitar cada segundo daquilo que temos...

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Conversetas#

-Estás a falar a sério?
-Claro que estou, se não fosse a sério não to estaria a dizer.
-Possas... é dificil imaginar...
-Não é nada amiga, é uma coisa tão corriqueira, tão natural...
-Mas por ser contigo... gostava que tivesse sido diferente.
-Pois... eu também... mas foi como foi e não como eu queria que fosse, fui arrastada pelos acontecimentos e não havia onde me segurar para não me deixar ir, na verdade, nestas situações gosto de me deixar ir, depois recomeço do ponto de onde fiquei, canso-me menos eheheheh
-Tu és demais, dás sempre a volta a tudo.
-Tento amiga... tento...
-E não existe a minima possibilidade de...
-Na, na, na... tudo ficou onde devia ficar. As coisas resolveram-se definitivamente no mesmo instante em que foram faladas. E não precisanto dizer, porque tu me conheces à demasiado tempo... posso demorar a chegar lá... mas quando chego nada nem ninguém me fazem voltar atrás.
-Admiro-te...
-Não o faças... não o mereço.

terça-feira, 10 de abril de 2007

Equipamentos#

Acho que já não é a primeira vez que comento que não gosto de futebol. Acho que também já deixei transparecer que sou fã? Adepta não de certeza... simpatizante? Enfim... de certeza que já o disse diversas vezes que sou... coisa, do Benfica. Desde quando? Sei lá! Boa pergunta, desde sempre... desde que os meus irmãos disseram que eram do Sporting... sou uma querida, fico sempre do lado dos mais desfavorecidos... isto é uma cabala! Querem-nos desmoralizar... mas depois apresentamo-lhes a nossa arma secreta... o Mantorras claro! E é vê-los a suarem para nos travarem. Temos o Simão... mas não consigo esquecer-me que antes da história dele com as trocas e baldrocas e a deixar a Patricia Tavares para trás para ficar com a melhor amiga dela (que rica amiga), dizia eu, vestia uma camisola do Sporting... à coisas que se gravam aqui a ferro e fogo, como as capas das revistas naquela altura em que a Patricia aparecia de olhos tristes e inchados deixando imaginar que muito chorou, nunca percebi porque é que foi ao casamento deles... mas enfim... quem não se sente... comigo era inimiga para o resto da vida...
Temos o Petit... com a alcunha de pit bul ou lá o que isso queira dizer, o gajo joga pá! Pode não ter charme... mas joga...
Temos o Nuninho... um querido... esta pressão psicológica sobre ele não o está a deixar brilhar... deixem o minhúdo jogar pá! Temos o Nelson, temos o Léo, temos os estrangeiros todos e falta-nos o Moreira na baliza (não tenho nada contra o Quim... preferências). Eu nem gosto de futebol... mas fico triste quando nos deixamos perder por uma equipa a quem devia ser fácil ganhar. Ou empatar... ou não jogar nada de jeito... é pá... eu não gosto nem percebo de futebol... na verdade nem sei muito bem como é que se vê que foi um fora de jogo. Mas gosto da expressão e costumo utilizá-la muitas vezes... apesar de muitas das vezes ficarem a olhar para mim sem perceberem muito bem o que estou para ali a dizer.
Outra coisa... não faz muito tempo fui assistir a um jogo da equipa B do benfica... o Leo fez o aquecimento mesmo à frente da bancada onde fiquei sentada... é pá... o gajo joga sem cuecas... fiquei um bocado transtornada pela falta de protecção em que eles se deixam andar

segunda-feira, 9 de abril de 2007

* 58

Nunca percebeu a diferença da palavra que utilizava para as azias que a assaltavam... azia de alma, aquela que lhe fazia sentir um vazio, um buraco aberto no peito, uma vontade de se encher com as palavras dos outros, ocupar todo aquele buraco que a dividia em dois. Azia de corpo, a azia que não a deixava ligar-se ao mundo real, a azia que lhe fazia ter vontade de fechar os olhos e deixar-se cair num vazio que não aquele que sentia naquele momento. A azia que tinha um porquê... era tudo tão mais fácil quando tinha uma justificação...

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Nús da alma #68

É a maneira como se dizem as coisas, ou a necessidade de se dizerem, como se assim pudessemos apagar o que não foi dito até ali ou se esqueceu de se dizer. As mentiras piedosas de quem talvez pense que nos faz sofrer com a verdade. Não sei... se calhar apenas quererem acreditar nessas palavras que nos deitam como se fossem uma esmola... o que será que pensas que eu penso se não me disseres nada? Às vezes o silêncio sabe bem melhor que uma mentira descarada, mesmo que penses que estás a fazer uma boa acção com isso.
E depois... uma mentira pede outra como resposta...

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# 103

Eu é que sou a madrinha, mas ele é que me batizou com novo nome ... a partir de ontem sou a tia Na... e que bem que me soube ouvi-lo da boquinha dele... soube-me a doce...

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Cemitério de Pianos


'Notas de piano saem da telefonia. Quem existirá, longe daqui, a tocá-las? A superfície branca e brilhante do frigorífico. A superfície branca e brilhante dos azulejos. A minha mulher conheçe esta hora através da sua própria pele. A tarde aproxima-se do seu fim, como em todos os dias. É segunda-feira, talvez por isso, a minha mulher se lembre melhor de todos os dias. Segunda-feira é um dia que a minha mulher associa a todos os dias. Se, numa conversa, alguém diz: todos os dias, a minha mulher pensa numa sucessão infinita de segundas-feiras. Sexta-feira é véspera de fim-de-semana e, por isso, é um dia diferente.Sábados e domingos são dias diferentes. Terças, quartas e quintas são dias próprios em que acontecem coisas próprias de acontecer às terças, quartas e quintas. As segundas-feiras são dias correntes, anónimos. São todos os dias.'

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quinta-feira, 5 de abril de 2007

Viva o coelhinho!


Nunca me ofereceram um Kinder surpresa. Eu já ofereci alguns. De todas as vezes que os ofereci, quase obriguei as crianças a partirem o ovo para poder ver qual era a surpresa... de quase todas as vezes fui chamada à atenção por alguns adultos para devolver os brinquedos às crianças... Quero lá saber do chocolate... a surpresa é que é fixe!

# 102

Tudo depende da maneira como pegas nas coisas para as contar. Sabias que se consegue vulgarizar uma boa cena de amor? E que é tão fácil ridicularizar um sentimento...
Nunca utilizes as palavras para destruires seja o que for... continua a inventar... ao menos assim não magoas ninguém...

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Decisões#

Irritam-me essas tuas certezas, irrita-me a maneira como queres viver comigo, irrita-me a maneira como deixas os sapatos desalinhados no chão quando te descalças, irritam-me os teus suspiros e a maneira como passas as mãos pelo cabelo quando não estás com paciência, irrita-me essa mania das queixinhas quando os miúdos nos vêm visitar, irrita-me não dispensares o teu lugar à mesa e com isso separares casais, irrita-me não te levantares uma única vez sempre que alguém toca à porta da rua ou para atenderes o telefone, irrita-me o tampo da sanita levantado, e as pingas de água no chão depois de tomares banho, irritam-me as meias perdidas no chão do quarto, irrita-me a toalha húmida esquecida em cima da cama, irrita-me o teu ressonar à noite, irrito-me quando teimas em meter uma das tuas pernas por cima das minhas, irrita-me a maneira como comes, irrita-me que monopolizes o comando da tv, irrita-me a maneira como falas com a vizinha que mora aqui no prédio, irrita-me não gostares de cinema, irrita-me não gostares de passeios ao ar livre, irrita-me a tua recusa em fazermos caminhadas, irrita-me o teu tom de gozo sempre que falas das minhas amigas, irrita-me essa tua mania de implicares com tudo o que digo, tudo o que faço... irritas-me...
-Estive a pensar na minha vida, em nós... quero divorciar-me de ti, acho que foi um erro ficarmos juntos, nunca vai dar certo.
-Hum hum
-Hum hum??? É só isso que tens a dizer?
-Que queres que diga mais? Já disses-te tudo... não vamos dar certo... o curioso é que demoraste 30 anos a perceber isso...

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Trocas#

O problema era quando se queriam as coisas em alturas erradas. Quase sempre, em todas as alturas certas as coisas simplesmente não aconteciam.
-Era dar-lhes estriquinina, acabar-lhes com o poiso.
-Não diga isso, não fazem mal a ninguém.
-Ai não? Já viu o estado em que deixam este parapeito? Todo borrado! Estriquinina é que era...
-Mas isso não é para os ratos?
-Sei lá! Mas é tudo a mesma coisa.
E depois... voltavamos a desejar e a não ter mais uma vez. E depois... quando já não estavamos por ali, as coisas aconteciam... mas não a nós...
-Se fosse eu a mandar...

Coragens#

-Estou à demasiado tempo sozinho. Criei hábitos. Existem coisas que já não sei como dizer.
-Sim. Sei bem o que isso é, apesar de teres mais tempo dessa vida que eu...eheheeh... prefiro esperar a tomar a iniciativa.
-Mas isso faz com que possas perder as coisas. Devias tomar a iniciativa às vezes.
-Que perca... existem determinados papeis que não quero representar...
-Fazes mal.
-Ahahahah... olha ele...e tu? Acabaste de dizer que também o fazes...ou neste caso, o deixas de fazer ou dizer. Também perdes... certo?
-Certo...
-Pois...
-Então vou dizê-lo.
-Dizer o quê?
-Quero ver-te!

# 101

-És tu!
-Eu o quê?
-Que é tua a culpa!
-O quê?
-A maneira como me tocas...

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terça-feira, 3 de abril de 2007

Quem diz que os dias são todos iguais?

Os aviões mudaram de rota, de repente os parapeitos das floreiras passaram a ter inúmeros pombos. Novos vizinhos, o barulho das obras no piso de cima. Escolher um novo toque de telemóvel e beber carioca de limão ao pequeno almoço. Um pedido de desculpas que não serve para nada. Provocar numa frase escrita. Reciclar o lixo em casa, molhar as pantufas na varanda. Chiclets Ice, frio, hora de café, curiosidade de saber quem é, telefone, banda sonora, quem é? Quem é? Irrita-me, tampa da caneta roída, bolachas Digestive. Pés dormentes, página indisponível, saber de onde... mas quem? Alvo, letras, pensamentos, inúmeras, horários de comboio, hora de saída, desinfectante, máscara, luvas, estar à espera, amores de sempre , beijos, casa, cama, dormir, bip bip pela manhã...

Jackpot#

Em momento algum desejaria que as coisas entre nós fossem diferentes. Escolhemos caminhos tão opostos, o momento da escolha já ficou tão lá atrás que nada me faria voltar lá ou desejar voltar lá, somos o que somos, a vida é o que é.
Continuo a apostar em nós, não a apostar em nós, nós. A apostar naquilo que foi e não a desejar que volte a ser. Gosto de pensar que foi importante, gosto de pensar que foi para ti o que foi para mim, gosto de pensar que não me esqueces e por isso não te esqueço a ti. Por isso aposto...
Aposto em X feitos dentro de quadriculas, a taparem os números que foram nossos. Cada um com o seu significado, uns bons, outros assim-assim, outros menos bons pelo menos para mim. Tenho cinco escolhas, tenho mais datas que isso. Escolho então as primeiras, penso no principio das coisas, penso que um dia nos vamos dar sorte, dar sorte a mim. Gosto de pensar que valemos a pena, gosto de pensar que aqueles números significaram alguma coisa... Marco os números de maneira desordenada, desordenada dentro da sua ordenação, marco os números de maneira ordenada, ordenada pelo número de acontecimentos, o dia que era... ordenadamente... relembro enquanto o X tapa o número daquele quadrado, o dia em que te disse que estava bem, que iamos ver no que aquilo dava... não consigo lembrar-me do nosso primeiro beijo, nem do tempo que fazia... risco o segundo quadrado, o dia em que decidi entregar-me a ti, passar de miúda a mulher... foste o primeiro... nunca falamos sobre isso, nunca te disse, nunca perguntaste... o terceiro quadrado marca a data do dia em que me compraste uma aliança que nunca quis usar, perdi-a quinze dias depois, ficaste zangado comigo e compraste outra, mas mesmo sem gostar de ter os dedos presos, gostei da atitude, da importância que deste ao facto de estarmos juntos. O quarto quadrado é o menos positivo, o dia em que deixei de acreditar em ti, o dia em que percebi que nada é eterno e que afinal aquilo que sentia-mos um pelo outro não era assim tão forte, o que tu sentias por mim não era assim tão forte. Quinto quadrado... recomeçar... tentar de novo, mesmo com a ideia de que não iria valer a pena, achar que era o mais correcto, acreditar que voltaria a confiar... desisti... quando se perde a confiança em alguém, dificilmente se volta a tê-la... boa sorte para nós...

Desejos#


Foi ontem ao final do dia... aqui mal se nota... mas sim...é um arco-íris...

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Nús da alma #67

Acho que toda a gente já sentiu inveja uma ou outra vez na vida, as circunstâncias podem ter sido diferentes mas a ideia do que é sentido é igual.
Hoje pensei que nunca em nenhuma vez da minha vida tenha tido inveja daquela que pensamos 'se eu não tenho tu também não tens', a minha inveja resume-se a 'quem me dera ter também'. Uma inveja sem inveja... apenas quase uma vontade...
Eles passaram à minha frente de mãos dadas e olhares cúmplices antes de desaparecerem ao fundo da rua...

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Vaguear#

Estavam lá as marcas... uns pulsos de mulher na certa, sim. Eram de certeza de mulher, demasiado delicados... embora ele tivesse uma imagem delicada, dissera-lhe um dia que era aquilo que os outros queriam ver, não aquilo que ele queria ser. Ela sempre se olhara ao espelho e esperava e queria ver-se a ela e não uma estranha. Não seguia modas, não fazia dietas, não se penteava a tentar imitar estilos, não tinha vestidos vintage, não gostava de estampagens berrantes, nem de saltos de agulha, detestava sapatos bicudos que lhe faziam doer os pés. Sentia-se mal com calças de cintura demasiado descaída. Tinha os peitos demasiado grandes para soutiens almofadados. Não tinha saias de pregas, nem calções. Tinha poucas saias que se tornavam demasiadas para as vezes que as decidia vestir. Faltava-lhe a maior parte das vezes a delicadeza para vestir umas meias de seda ou licra ou vidro ou fosse lá o que fosse que para ela a única diferença visivel era entre mousses e mais leves, para ela era tudo collants de senhora, puxava-lhe fios pela manhã quando tinha pressa para sair. Escolhia calças, pelo prático que era. Voltava a olhar os pulsos ali tão à mão... tão femininos, não eram os dele de certeza... apesar de tudo.
E depois lembrava-se que nem sabia quem era, lembrava-se das mãos, lembrava-se de ver um peito sem pelos pela abertura da camisa, lembrava-se do sorriso e do olhar, lembrava-se da boca dele, do cabelo. Lembrava-se do que ele dissera sobre ser o que era e de mostrar o que os outros queriam ver. Falou-se na criação de cada um e o que cada um faz de si, as imagens trabalhadas podem significar muitas das vezes a não aceitação daquilo que somos, de como nascemos. Não sei... afinal sou o que sou e nunca me tentei mudar, nem mesmo aquelas partes que gostaria de ter de outra maneira, penso nisso... que não gosto... mas nunca pensei em mudar, sou assim, assim sou eu... dispenso modas e apenas sigo aquilo que gosto, nunca aquilo que se usa... detesto coisas em massa... torna-se demasiado ridículo... penso em clones e no que a ciência não precisa de fazer nestas alturas para se encontrarem inúmeros decalques por aí...
Eram os pulsos que me provocavam estranheza... era neles que pensava durante toda a manhã, tentando perceber... adivinhar... se a delicadeza que lhes percebia deixavam ver umas mãos de mulher...

# 100

Nunca fui muito rápida a escolher as coisas, hesito sempre, acho que ainda posso encontrar melhor, penso que me posso vir a arrepender daquela escolha, ás vezes acho que um dia vou desejar voltar atrás depois de escolher determinada coisa, determinado caminho. Preciso do meu tempo, preciso de ter a certeza que não estou a tomar uma má atitude, mesmo que nunca venha a saber se foi acertada, que seja apenas uma atitude, uma escolha é o que peço muitas das vezes. Qualquer coisa que não traga arrependimentos, que não me faça achar que fui precipitada, que podia ter tido calma que ia arranjar melhor... Fui sempre assim, a comprar roupas, sapatos, escolher um destino de uma viagem, na escolha dos primeiros namorados. Mais tarde na compra da casa, nas coisas que iriam mobilar a minha casa, no momento em que me mudei para lá, o medo sempre o medo de não conseguir, de não ser aquela a melhor altura. E se falha-se? E se não conseguisse sobreviver sozinha? Pagar as contas... organizar a minha vida.
Depois... existe o outro lado mais insano, em que me revolto, em que me deixo levar ou me impulsiono para determinada atitude, escolho sem pensar, quero acreditar que nada me vai fazer arrepender. Convenço-me que é apenas o momento que interessa. Não me posso recusar a viver ou apenas viver uma vida monótona. Crazy moments e rimos enquanto compro umas botas que talvez nunca venha a usar, uma lingerie que vou esquecer no fundo da gaveta. Moments... instantes, segundos seguidos de momentos de solidão. Lembranças e memórias. Nunca me deixei ir... fui porque quis, vivi o que quis viver, parei quando quis parar. E agora sinto que é o melhor momento para arrumar tudo aqui dentro. Organizar momentos, etiquetar memórias. Enfim... ordenar toda esta desordem a que me tenho deixado ficar nestes últimos tempos. Agora serei apenas eu... hesitei... demorei a chegar aqui... mas estou onde quero... é esta a minha escolha

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