Medos#

É gostar de uma maneira gigantesca, é gostar e ter medo, é gostar e apetecer guardar e não deixar que nada de mau lhe aconteça. É rir e brincar, é abraçar e beijar, é dizer tantas vezes o quanto gosto dele até ele começar a ficar irritado e dizer xai Kinana... ou um ó pá... que já aprendeu comigo. É a impotência, é apenas saber esperar, é desejar que fique bom o mais depressa possivel... é gostar, gostar, gostar...

... são estas alturas que nos mostram descaradamente o gosto de nos sabermos unidos... e da falta que nos fazemos...

What?

E de repente aparece a noticia mais surpreendente vista nestes últimos tempos... é com cada uma...

Doce inocência#

-Kinana, toma! - entrega-me a chave do carro, interrompendo assim a conversa que estava a ter com a minha mãe. Desaparece de seguida. Reaparece a arrastar o meu casaco pelo chão.

-Kinana, toma! - volta a desaparecer e nós já nos rimos. Volta a aparecer a arrastar a mala.

-Kinana, toma!

-Então gaji, estás a mandar-me embora?

-Xim e eu vou contigo!

Os amores dos outros #26

Nús da alma # 133

Sim é verdade.

Tenho medo de fazer escolhas.

Tenho medo de fazer uma escolha e de não ser a mais acertada.

É muito mais fácil quando erramos e podemos culpar alguém [que não nós] para esse facto.

Este medo não quer dizer que não as faça [as escolhas].

Inevitávelmente fico sempre com medo quando as tenho de fazer.

Nús da alma # 132

O pior deste tempo [de chuva] é cruzar-me na rua, na maior parte das vezes, com pessoas com semblantes mal humorados...

Preocupações#

Podia dizer-lhe para ter atenção, mas sabia que ao fazer isso a iria afastar de si, talvez até acabassem as confidências. Sabia-a carente, adivinhava-a a 'enfiar' o pé na argola, a arranjar mais uma coisa que a desassossegasse... como se diz uma coisa que sabemos que não vão nem querem ouvir?

# 161

E o gozo descarado de inventar uma mentira para um futuro atraso...

Devaneios#

Pode ser o acordar cedo. Pode ser o acordar cedo e ficar na cama. Pode ser o acordar tarde. Pode ser o acordar tarde e ficar na cama. Pode ser o acordar cedo e levantar tarde. Pode ser o acordar. Pode ser o acordar e levantar. Pode ser o acordar, o levantar cedo e voltar a deitar. Pode ser o acordar, o levantar e ficar acordado.

Pode ser o que seja... o que me importa é estar contigo.

Doce inocência#

Dois anos, cinco meses e vinte e quatro dias... o miúdo está constipado, meio ranhoso, a lacrimejar e graças a isso ganhou um olho vermelho e inchado... conversa comigo, não percebo metade do que diz e vai daí começo a rir-me dele e do que não percebo. Ele ri-se de mim e do meu riso, talvez contagiante. Ficamos assim algum tempo, os dois a rirmo-nos um do outro sem grande motivo para isso. Sabe-me bem. Chega a mãe para o levar. Antes de ir digo para vir comigo, vamos à casa de banho e procuro uma gaze e o soro. Explico que vou limpar o olho antes de ele ir embora, pego-o ao colo e ao passar a gaze pelo olho ele choraminga.

-Então? Que é isso? Isto não dói. Estás a chorar porquê?

-Pá mãe...

Os amores dos outros # 25

...

Descubro que sou uma bomba relógio em contagem decrescente... pronta a explodir à minima contrariedade... não me gosto assim... já me disse para mudar... ainda não me ouvi...

Perdidos#

Ou o flash estoira naquele instante ou a fotografia fica escura... em momento algum se consegue recriar a mesma imagem com exactidão... será que existe noção do que se perde?

Nús da alma # 131

Detesto sentir que me mordem os calcanhares... podem existir várias maneiras de o fazerem... mas a sensação incómoda que sinto é básicamente a mesma... não é nada boa ideia deixarem-me assim... detesto-o...

Continuo a querer que me adivinhem... exigo que assim seja... existem coisas para as quais ainda não estou preparada para mudar...