Batimento Cardíaco

segunda-feira, 31 de março de 2008

Gostar#

Agradam-me os desenhos dos nossos segredos [a duas mãos numa tela que é só nossa]. Agradam-me as perguntas que vão sempre existir. Agrada-me o porquê de nos encontramos aqui. Agrada-me 'afundar' os meus olhos nos teus. Agradam-me os destinos que nos calharam. Agrada-me o sol a entrar pela janela frontal do carro [num dia de vento e frio]. Agrada-me a tua mão repousada na minha perna em breves momentos. Agradam-me as conversas e a vontade que nos fazemos de rir. Agrada-me sentir ainda 'as borboletas' de cada vez que te vejo. Agradam-me os silêncios. Agradam-me os teus beijos. Agrada-me a sombra que fazemos no chão [quando caminhamos de mão dada]. Agrada-me a minha perna encostada à tua na sala de cinema. Agradam-me os olhos nos olhos enquanto conversamos. Agrada-me ouvir o teu respirar profundo [ quando dormes]. Agrada-me o calor da cama [mesmo que isso signifique ter de meter um pé de fora das cobertas]. Agrada-me ouvir-te falar. Agrada-me fazer planos contigo. Agradam-me as manhãs inteiras passadas na cama. Agradam-me as mãos a tocarem-se por cima da mesa de café. Agrada-me o abraço que me dás antes de dormir [meu Deus como me agrada esse abraço...]

# 158

A culpa do tempo ter passado a correr ... foi das horas...

sexta-feira, 28 de março de 2008

Exploração de noticias deixa-me cansada#

Violência na escola aqui, violência na escola ali, medidas a tomar, medidas tomadas em outros países, carrego no botão que vai mudando os canais e a história repete-se em mais umas quatro estações. Acompanhamento mental... castigos... a culpa é dos pais... blá, blá, blá... vê-se que quem fala assim nunca sentiu na pele e de perto essa indisciplina escolar.
Decorriam os anos de 1986/1987, estava numa turma das mais sobrecarregada de alunos, ascendíamos os 30, quando me lembro bem de turmas compostas por 20 alunos na preparatória. Ao principio o espanto, pelos gritos, pelo tempo que se demoravam a sentar, pelos livros pelo chão. Alguns risos e admiração pela coragem em enfrentarem professores. Novidades. Depois o deixar de rir, o deixar de admirar, achar que exageravam, que perdiam a razão, abstrair-me daquilo tudo. Éramos alunos na média dos 13/14 anos. Alunos que faltavam a algumas disciplinas para irem beber para a tasca mais próxima. Que arrancavam quadrados de linóleo do chão e os atiravam na direcção do quadro quando a professora estava a escrever nele. Pedaços de giz a voar, uma professora recem formada de baixa médica por motivos psicológicos logo no primeiro período. Ninguém para a substituir, horas livres, chegada às aulas seguintes completamente alcoolizados. A directora de turma em estado avançado de gravidez que perde o bebé, mais uma vaga por preencher, mais tempo livre. Entradas em grupo pelas janelas, saídas pelas janelas do primeiro andar, agarrados à canalização. Cigarros fumados na sala, carícias e beijos, a fechadura da porta bloqueada, a porta sem fechadura, a sala sem a porta. A visita da directora do conselho directivo a ler o comunicado em que toda a turma seria castigada com uma participação escrita em todos os processos. Faltas colectivas. Meia dúzia que era castigada sem motivos. Não tínhamos telemóveis, não tínhamos internet, pertencia à turma mais problemática da escola e ignorava-os... nos intervalos acompanhava duas colegas, afastávamo-nos.
Um dos piores colegas, a nível de comportamento, era meu vizinho, morávamos no mesmo prédio. Ouvi muitas das vezes o choro e os gritos pelas tareias de cinto que o pai rígido lhe dava, de quando chegava a casa uma participação de mau comportamento. Eram 4 irmãos, nenhum dos outros deram ou davam problemas na escola, aquele era a excepção... a educação dos 4 era dada da mesma maneira.
Hoje, quando olho para trás nas memórias e me lembro desses tempos parece-me quase impossível que aquele miúdo tenha dado lugar ao adulto com um emprego de longa data que me diz boa tarde ou bom dia quando vou visitar os meus pais, fascina-me vê-lo a passar as mãos pelo cabelo do filho em jeito de o pentear, do riso e do carinho nos gestos que tem com ele. Sei pela mulher dele que prefere um bom filme de televisão ou a visita de amigos lá a casa, do que sair à noite para ir beber um copo ou dançar. Olho para ele e penso se chegou a confessar alguma vez à sua companheira que foi expulso de casa quando tinha 13 anos, por um pai desesperado, como castigo de um dia para aprender a controlar os seus impulsos de rebelde.
Penso se ele saberá que um dia o pai dele conversava com o meu e chorava enquanto confessava baixinho:' Um dia tenho medo de cegar de desespero e bater-lhe até dar cabo dele, já não sei o que mais fazer.'
É tão mais fácil meter a culpa nos pais. Existem coisas que não são de agora, o indisciplina na escola é uma delas. É demasiado simples... ou se é parvo, ou não se é... alguns escolhem sê-lo, a pensar que têm piada... não têm! A maioria das vezes são gozados nas costas por aqueles que se riem das coisas que eles fazem. Não são cool... são mesmo é parvos.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Sonhos#

Um dia vou ter uma casa com um jardim onde vou plantar salsa, hortelã e margaridas. Vou puxar para o jardim a minha cadeira de baloiço daquele sonho que já sonhei lá atrás e vou deixar-me ficar por ali a não querer acordar.

Question#

Porque é que quando estamos felizes ao lado de alguém, e nos surge a pergunta, pensamos sempre no que acontecerá se essa pessoa deixar de gostar de nós e nunca em sermos nós a deixar de gostar dessa pessoa?

quarta-feira, 26 de março de 2008

A Conspiração#

«A Plataforma de Gelo de Milne é a maior massa de gelo flutuante no Hemisfério Norte. Localizado acima de Ellesmere Island no alto Árctico, a Plataforma de Milne tem seis quilómetros e meio de largura e atinge uma espessura de mais de noventa metros. (...) Agora no alto do muro de gelo, Rachel contemplou a inconcebível vista. Um outro largo dique de gelo encontrava-se diante deles, e depois as ondulações cessavam abruptamente. Daí para a frente, o gelo suavizava-se numa extensão brilhante, apenas ligeiramente inclinada. O manto de gelo iluminado pelo luar estendia-se até bem longe, onde acabava por estreitar e desaparecer sinuosamente por entre as montanhas.

-É o Glaciar Milne.»

Etiquetas:

terça-feira, 25 de março de 2008

As palavras dos outros#


* 69

Sente fome de palavras bonitas...

Etiquetas:

segunda-feira, 24 de março de 2008

* 68

Sente-lhe o peso da perna à volta da sua cintura, adormece-lhe o braço preso debaixo do corpo. Respira-lhe o cheiro que já decorou. Não se mexe. Pela vontade que tem em sentir tudo o resto, ignora a dormência do braço. Depois adormece a pensar que encontrou a perfeição das coisas. Sem saber a quem, agradece a dádiva de gostar assim de alguém.

Etiquetas:

# 157

Preocupam-me as horas... ando sempre de olho nelas e no fim acabo sempre para trás... por falar nisso... neste próximo fim de semana mudam as horas, adianta uma...
... gatunagem... vou dormir menos uma hora... domingo levantanto-me mais tarde...

Etiquetas:

Correcção #

Afinal não plantei salsa... semeei salsa.
Dizem os entendidos.

quinta-feira, 20 de março de 2008

# 156

Chamam-me à atenção porque me enervo demasiado, stresso como costumam dizer. Dizem que não vale a pena, que posso ser mais calma a resolver as coisas, riem-se, já me conhecem. Sabem que num outro dia farei exactamente a mesma coisa. Deveriam deixar de me pedir coisas a mim, deviam pedir aos mais calmos. Deviam os mais calmos serem eles a fazer. Mas são tão calmos que não as fazem, nunca as fazem. Depois em cima do risco, em tempo curto acabam nas minhas mãos para eu resolver. E eu não consigo ser calma, eu não consigo deixar por fazer. Vai daí, irrito-me, stresso e esperneio. Chamam-me a atenção que não devo ser aflitinha, os calmos, riem-se... e no fim as coisas acabam por ser resolvidas. Não gosto de deixar por fazer. Faço.

Etiquetas:

quarta-feira, 19 de março de 2008

Question#

Ainda não escrevi um livro, nem tive um filho, nem plantei uma árvore... a dúvida é... plantar salsa conta?

segunda-feira, 17 de março de 2008

Lamentos#

Passo a vida nisto. Um mês passa a correr e o outro que aparece trás-me sempre o mesmo sintoma. 'Não é nada'. Não é nada o tanas! Se não acusou nesse exame, talvez esteja na altura de fazer outro. Se não passa de uma maneira tem de passar de outra. Não pode ser normal ter estas dores de cabeça todos os santos meses. Pior. Ter estas dores de cabeça que quase não me deixam abrir os olhos e sentir-me agoniada e mal disposta assim numa intensidade avassaladora. Estou naquela fase em que já tomei analgésico mas que não vejo qualquer sintoma de melhoria. Apetece-me atirar para o chão, apetece-me vomitar cá para fora este nó da garganta, apetece-me silêncio e olhos fechados [talvez me atire para o chão à procura disso]. Que dia que está a ser.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Nús da alma # 126

Quases todas as noites me custam [só não me custam as nossas], custa-me levantar do sofá, custa-me despir a roupa, custa-me o duche, custa-me lavar os dentes, custa-me vestir o pijama, custa-me apagar a luz do wc, custa-me o arrastar dos pés até ao quarto, custa-me pousar o olhar na cama vazia, custa-me escolher o lado sobre o qual vou dormir, custa-me o encolher de frio, custa-me o apagar da luz, custa-me deixar de olhar para a fotografia que repousa em cima do móvel.
Estendo o braço e quase sempre deixo-me ficar um minuto com ele pendente a meio caminho do interruptor. Mentalmente digo 'boa noite'... depois resta-me apenas esperar pela resposta na minha imaginação...

Etiquetas:

Morder a lingua#

Hoje vou beber café a outro sitio... não tenho stresses nenhuns por terem ganho o jogo, até gostei [acima de tudo nacionalista], não me apetece é ouvir bocas provocatórias... depois, segunda-feira, já se esqueceu...

quinta-feira, 13 de março de 2008

# 155

Sou pessoa que pouco ou nada sabe sobre futebol, não tenho paciência para assistir a jogos inteirinhos na televisão e apenas reconheço todos os jogadores de uma equipa pela cor da camisola [tenho algumas dificuldades com os guarda-redes]. Mas quando se fala de futebol, gosto de implicar, troçar, provocar e torçer pelo meu benfas. Contrariadora.
Detesto quando aproveitam uma derrota do meu clube para me provocarem a mim, rindo-se na minha cara... não sei ficar calada e reajo como se tivesse paixão pelo futebol [de todas as vezes me surpreendo comigo mesma e esta atitude], quem me visse falar pensaria que até tinha assistido ao jogo... não... vi o resultado esta manhã nos jornais...
-Não acha que é muito cedo para falar? Já devia ter idade para perceber que a vida não é feita de sonhos... mas deixe lá isso... mais logo cairá na realidade... na amarga realidade... e depois amanhã falamos melhor.
-Xiça p'rá moça! Pelo feitio... só pode ser carneiro de signo.
-Errado [abro a porta e vou saindo], muito longe da verdade...
E sorri...

Etiquetas:

quarta-feira, 12 de março de 2008

Os amores dos outros # 21


Etiquetas:

CTT#

E é enquanto faço arrumações aos papeis que vou juntando durante um ano que descubro as últimas cartas pessoais que o carteiro me trouxe. A letra miúdinha... nostalgia... volto a guardá-las... fazem parte da minha vida. Não posso, nem quero esquecer nada...

terça-feira, 11 de março de 2008

# 154

Sempre me lembro de que fosse qual fosse o assunto, e se fosse caso disso, eu sofria [e sofro] por antecipação. Não sei esperar para me moer, para pensar e repensar, tentar adivinhar o que pode acontecer e planear as minhas recções e decisões. Claro está que nunca tive grande sucesso quando o tal momento acontecia. Não sou de estar preparada atempadamente, sou de explodir ou paralizar no momento, sou de falas curtas, ou frases longas, sou cortante [muitas das vezes com o gume nas duas pontas], não passo ao lado, caio em cima. Não vou atrás, desapareco de cena. Não me lamento, não deixo por dizer. Prefiro mil vezes desiludir-me com os outros do que desiludir alguém. Penso, repenso e volto a pensar antes de tomar uma decisão. Medo é uma palavra que temo. Falhar é algo que não quero ver acontecer.
E agora?
É sempre quando me vejo confrontada com esta frase que me sinto encurralada e com vontade de não estar ali naquele momento. Sei então que o momento de decidir chegou e que não posso adiar mais.

Etiquetas:

segunda-feira, 10 de março de 2008

Dias disléxicos#

Óh interminaveis segunfas-deiras!

sexta-feira, 7 de março de 2008

Não me contes o fim#

« -Cobarde!

'Cobarde' é uma injúria fatal, uma sova demolidora sobretuto para os homens que, desde o princípio dos tempos, são avaliados e julgados por atitudes de coragem moral ou fisíca, desprezados pelas mulheres e zombados pelos pares sempre que um motivo, mesmo vital, os inibe de exibi-la como uma orelha de touro, na arena. Um homem não chora, diz o povo enganado. Na realidade, é tão ofensivo chamar cobarde a um homem como puta a uma mulher, é igualmente irreversível, porque o epíteto se cola à pessoa para sempre como uma cola extra-forte que nenhum diluente consegue solver, e, sobretudo, porque fere realmente a única zona sagrada do ser humano: a dignidade.»

Etiquetas:

quinta-feira, 6 de março de 2008

Má#

Sei que sou má quando me apetece chamar 'bruxa' à mulher com o casaco de peles que me passou descaradamente à frente na caixa do supermercado.

Etiquetas:

A memorizar#



A bruxinha Kika teve um bebé e precisou da chucha do D., porque se o bebé não tivesse uma, ia chorar. O D. deu a chucha dele à Kika sem pestanejar. O D. dorme sem chucha deste a sesta desta última terça-feira [e sem fitas]. A apontar o dia 4 de março como uma data para recordar...

[Porque é que será que eu acho que no 'meu tempo' me tiraram a chucha apenas com a explicação que já era demasiado grande para a usar? Bruxa Kika? Mas quem é esta? Além disso... as bruxas têm bebés??? Como é que o meu esperto sobrinho deu a chucha a um intermediário? Se era para a bruxa Kika não a devia ter dado à educadora... cá comigo era assim: A bruxa Kika quer a chucha? Então que venha falar comigo! Tenho de ensinar este miúdo a ser mais espertalhão...]

Imagem do Google

quarta-feira, 5 de março de 2008

Os amores dos outros # 20


Etiquetas:

Nús da alma # 125

Digo que [te] gosto quando [te] pouso os olhos, quando [te] afirmo que aconteceu sem eu estar à [tua] espera.

Etiquetas:

segunda-feira, 3 de março de 2008

# 153

Por vezes é tão dificil falarmos aquilo que nos vai cá dentro, ora porque temos medo de magoar, ora porque temos medo de ser magoados, ora porque não queremos dar parte fraca, ora porque nem mesmo nós conseguimos exprimir para palavras aquilo que sentimos. Mas sem percebermos, ou percebendo, mas não dando o real valor, deixamos transmitir para os que nos estão próximos uma espécie de mal estar, até nos podem perguntar o que temos... e o que temos? Talvez alguma coisa... talvez nada... talvez nem queiramos pensar no que seja...
Mas o problema começa quando guardamos as coisas que nos incomodam apenas para nós... deixamos que fiquem cá dentro, a acumular, abafadas e atrofiadas, a ganhar uma dimensão que não faz sentido... até sairem todas um dia, cheias de nós e desordenadas...
Gosto de falar, sempre gostei... e gosto de pensar que é assim que se resolvem as coisas... deixando sair os fantasmas que nos assombram...

Etiquetas: