Batimento Cardíaco

terça-feira, 26 de junho de 2007

Imaginar#

Pinto as unhas dos pés. Escolho uma cor clara, quase tranlúcida. Acho que já me habituei a dar pouco nas vistas. Modo de vida. A televisão dá um qualquer programa, está alta , mas não estou a prestar a minima atenção, preciso apenas do barulho, assim não me sinto sózinha. Estou à tua espera. Todos os dias o faço, apesar de saber que não podes aparecer todos os dias. Gosto de te esperar, ou habituei-me a isso. Amo-te. Digo-te de cada vez que estamos juntos, ou quando apenas falamos. Amo-te. Como se tivesse medo que te pudesses esquecer disso. Sinto-me uma pessoa só enquanto não chegas, depois volto a senti-lo quando vais embora quase a correr porque já ficou tarde. É o que é, não pudemos mudar as coisas. Dizes isso de cada vez que deixo escapar que gostaria que fosse diferente. Nunca te pedi para ficares. Saberia que me dirias não. E de todas as vezes que sais e oiço o barulho da fechadura desejo que pudesses ficar ao menos uma vez, depois outra, depois ficares para sempre. Aconteceu. Posso nunca o dizer, mas tu sabes. Sabes da minha tristeza por ser assim. Sabes que gostaria de poder mudar as coisas. Ou mudar-me eu. Acabará por acontecer. Ninguém vive muito tempo assim. Um dia torna-se insustentável. E alguém foge. Por agora penso que não fui eu a escolher, deixei que me escolhessem a mim. Viver assim? Não posso. Não consigo. Não quero. Hoje penso nisso e sinto-me quase triste. Imaginas?

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