Batimento Cardíaco

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Domingos#


Em princípio seria um fim-de-semana como tantos outros ultimamente. Falta-me a vontade de sair à noite, nunca fui apreciadora de uma boa imperial, sempre preferi o prato dos tremoços ou a taça dos amendoins. Desgasta-me observar tanta gente que se imita, nas roupas , nas cores, nos gestos, no falar alto, nos abraços e na representação fora de palco. Sinto-me cansada de ficar a observar encostada a uma qualquer parede, tentando ficar invisível, unindo-me às pedras, aos grafites como uma tatuagem.

Ficar sozinha não é a melhor das opções, mas existem dias em que adivinhar tudo o que vai acontecer nos faz escolher o sossego de uma casa só nossa. O sofá de repente fica com um tamanho gigantesco e deixamo-nos engolir por ele, numa tarde quente. O barulho da televisão que nos embala e nos faz fechar os olhos por instantes, o zapping de quem não tem programação definida. Achar que talvez fosse boa ideia ir tomar um banho e vestir-me para sair... passava no IKEA e depois pela feira do livro... volto a mudar de canal pela enésima vez... vagueia a mente, mas o corpo mantem-se na mesma posição. Escurece... desisto da ideia de sair... antecipo um Domingo igual a este Sábado. Toca o telemóvel...

Acordar com uma moral mais activa. Levantar-me num pulo e tomar um banho demorado. Ikea, Jumbo. Voltar a casa para arrumar as compras e preparar uma salada para o almoço. Sair com o destino marcado, descobrir um espaço aqui tão perto e que soube tão bem. Puffs na relva, lago com barcos a remos que não me atrevi a remar. Música calma como só o jazz pode ter. Deitar-me na relva e sentir o sol na pele, rir-me da vontade do meu sobrinho querer mandar-se de cabeça para a água no encontro dos uás uás... uma surpresa de tarde... que tenciono repetir mais algumas vezes... só me falta descobrir onde é a Quinta das Conchas...


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