Batimento Cardíaco

terça-feira, 8 de maio de 2007

Ciclos#

Nem tudo pode ser mau. Serviste para eu ultrapassar um mau momento, uma desilusão. Talvez o problema por eu ser assim. Por acreditar no que me dizem, por achar que não existem motivos para mentiras. Se bem me recordo, confidenciei com uma amiga que tinha encontrado o meu homem. Estive feliz uma meia dúzia de tempo. Gostava e era gostada... simplesmente perfeito. Desejava-o com uma intensidade que já nem sabia sentir. E quando ele me disse que me queria para sempre... então nessa altura achei que nunca voltaria a sentir tamanha plenitude. Queria ser o pai dos meus filhos! Tantas foram as mensagens, os beijos, as chamadas a horas tardias, as carícias. Amava-o tanto... mas tanto... que no momento em que toda a ilusão ruiu achei que jamais voltaria a sentir fosse o que fosse. Depois disso a nossa história continuou. Estupidamente deixei-me usar pensando que alguma coisa poderia mudar... tentava convencer-me com a frase 'Ele tem de gostar de mim para me procurar...'
Meses... precisei de todo esse tempo para cair em mim e decidir libertar-me do que não me fazia bem. Tu já existias na minha vida, não estava apaixonada, gostava de ti, de estar contigo, num gostar simples de quem se sente bem, depois passaste a ser um cicatrizante, nessa altura tenho a certeza que se deixasses de dar noticias eu não me importaria. Semanas, meses, o tempo decorreu sem eu sentir nada mais que uma boa amizade por ti. Tu dizias sempre que não te querias prender, que tinhas saído de um relacionamento e que estavas a gostar da liberdade que tinhas, como se achasses que eu estivesse apaixonada por ti... eu ria-me...
Um dia deixaste de dar noticias, a princípio não me importei, mas depois, senti-te a falta. Senti-me abandonada e achei que pelo menos devias ter dito um adeus. Afinal eu merecia isso no mínimo. Passaram-se alguns meses. Um dia tenho o teu nome no visor do meu telemóvel. 'Atendo!', 'Não atendo!', mais forte do que aquilo que sentia foi o querer saber porquê. Porque o tinhas feito, porquê essa falta de consideração por mim. E soube, soube tudo o que te consumia, as noites mal dormidas, os choros, o amor que não era correspondido, soube também de outras tantas coisas que aconteceram na altura em que ainda nos encontrávamos. Hoje pensando com lucidez e afastamento percebo que o meu maior erro foi querer ultrapassar tudo o que soube como se não tivesse causado qualquer sentimento cá dentro. Hoje sei que nunca te devia ter aberto novamente a porta da minha vida.
Por duas vezes fui a sutura das tuas feridas, a limpeza da tua solidão. Depois de cicatrizado, depois de nada doer... que falta te poderia fazer?
Não pensaste nem um bocadinho na ferida aberta que deixaste deste lado?
Não... não estou amarga. Até porque a ferida aberta já cicatrizou, volto a utilizar a frase que já me disseram algumas vezes 'Tu precisas de bater no fundo para voltares à superfície', sim... deixaste-me lá em baixo... mas já estou aqui de novo... subi sózinha, com a força dos meus braços, com a minha vontade... e orgulho-me disso.
E se penso em tudo isto... é porque agora e sarcasticamente se volta a aproximar de mim quem tanto me fez mal em tempos... e curiosamente, como uma espécie de humor negro... agradeço-te por tudo isto... porque agora estou preparada para o mandar ir dar uma volta sem pudores...

1 Comentários:

  • Quanto maior for o fundo, maior alegria caberá nele. E maior será a queda. E maior será a dor. E maior será a subida.
    É curioso...quando perdemos a esperança, libertamo-nos. Mas qual é o prazer de ser livre num deserto?

    Dêem-me o maior fundo que houver.

    Por Anonymous Anónimo, Às 10 de maio de 2007 às 15:51  

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