# 148
Nunca vi com bons olhos a arte em desenganar o que os olhos vêem. Irritam-me as maneiras desesperadas de quem quer fazer de conta que não viu, quando tudo denuncia o contrário. Apelido-os de cobardolas, rio-me entre dentes e julgo-me muito melhor.
Por um momento deixo-me fraquejar, quando imagino o diálogo que poderá ser travado, nas perguntas de circunstância que vou ouvir. Agora percebo o que é estar presa ao cão que não se tem. Desvio-me o mais rápido que posso, mas é tarde demais, percebo-o no movimento que faz a rodar a cabeça na direcção para onde vou. Desta vez a desertora sou eu e sei nesse instante que poderia lidar melhor com a frustração do que com a vergonha. Apesar de tudo, descubro que a indiferença é a palavra chave desse momento.
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