Geração Kinder#

Quando os vi ali senti assim uma espécie de nostalgia... e lembrei-me das vezes em que ia com a minha mãe às compras à mercearia do Sr. Zé Maria e me punha de joelhos no chão em frente à pequena vitrina que o balcão tinha, mais ou menos a meio, e os contava pendurados no fio que os ligava de um lado ao outro a fazem sombra às tabletes e rolos de pintarolas. Às vezes lá trazia um, um para mim, que já chegava a casa quente das mãos, e mais dois para os meus irmãos, no cesto em cima das verduras para não se partirem.

E por me saber feliz de cada vez que ganhava um, comprei um para o meu sobrinho, agora com quatro anos, e guloso como nós o éramos quando tínhamos a mesma idade.

Mas esqueci-me de que os miúdos agora não querem saber da alma das coisas, querem sim saber das cores e dos brinquedos. E vai daí recebi a mais simples das respostas...

-Tia... devias ter comprado um ovo da Kinder...

E o chapéu ficou ignorado em cima da mesa... [e eu triste por isso...] ignorado até ao instante em que o meu irmão com os olhos brilhantes o agarrava e dizia enquanto o guardava no bolso..

- Nem imaginas o prazer que isto me vai dar comer ... ainda bem que o trouxeste...

[e foi aí que voltei a ficar contente... porque percebi que ele também sentiu o que eu senti quando viu a sombrinha do' nosso' antigamente]