Batimento Cardíaco

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Descida aos infernos do serviço de saúde pública # I

Às vezes percebemos que alguma coisa não está bem, mas mesmo assim temos tendência para deixar andar, na esperança que acabe por passar, que não seja nada de mais...
Foi o que me aconteceu. Percebi que alguma coisa não estava bem comigo, mas mesmo assim deixei andar, achei que era coisa pouca, que talvez apenas estivesse cansada, que acabaria por passar sem que para isso eu tivesse que perder tempo na espera de uma urgência [infelizmente quase todos sabemos o que é estar nas urgências de um centro de saúde ou hospital, ao desespero a que nos leva... só algo muito mau me leva para aqueles lados].
Mau foi quando pesquisei no Google o que poderia causar aquilo que estava a sentir... aí assutei-me a sério e sem dizer a ninguém o que se passava comigo decidi passar numa urgência de oftalmologia nesse dia à noite, a minha maior preocupação no meio de tantas era não assustar a minha familia, alarmando-a para algo que não sabia o que era, ou que até não podia ser nada.
O problema não começou logo quando fui informada que o hospital a que pertenço, que por acaso é o espetacular e fantástico hospital Amadora/Sintra, não tinha urgências de oftalmologia a partir das 20 horas, ou seja, ninguém que pertença à zona pode ficar mal da vista a partir das 20 horas ou fins de semana e feriados. Precisei então de me deslocar ao hospital de S. José para ser vista por um especialista da área. Entrei no serviço de urgências eram 20.11 [era esta a hora marcada na minha primeira pulseirinha de identificação], foi relativamente rápido, talvez uma meia hora até ser vista. Foi aí que começaram os primeiros apertos no peito e alguns segundos sem respirar. Não era um problema oftálmico, ele não via nada que tivesse a ver com aquela especialidade e informou-me que me ia passar para Neurologia. Passar? Como se processa isso? Saí e esperei onde me disseram para esperar. Não esperei muito, talvez 10, 15 minutos até ser chamada outra vez por uma auxiliar. Desta vez levaram-me para dentro, para a zona de enfermagem, onde já haviam umas quantas macas cheias de doentes. A auxiliar mandou-me esperar um pouco e desapareceu, voltou logo de seguida com um saco enorme transparente numa mão e um pijama e chinelos na outra.
-Vai ter de se despir toda, ficar apenas em cuecas e vestir isto, mete todos os seus valores dentro deste saco e espera um pouco que já cá vem alguém fazer-lhe o espólio.
-Como? Espólio? Vestir isso? Que se passa que ainda não percebi?
-Pois... vai ter de fazer um breve internamento. Para justificarem os exames que lhe vão ser feitos.
-Breve? Breve de quanto tempo aproximadamente?'
-Isso não lhe sei dizer na certa, mas posso dizer-lhe que entrou um senhor ás 19 e antes de lhe vir trazer o seu saco, lhe entreguei os dele para se ir embora.
Pelos meus rápidos calculos o senhor demorou-se ali bem menos que duas horas... sendo assim, lá me fui despir e decidi que não ia alertar ninguém... em duas horas estaria a caminho de casa... mal eu sabia o inferno a que estava a descer para o resto da semana...

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